Do Nordeste para o mundo, o arquiteto e designer alagoano constrói obras sensíveis e potentes, onde tradição artesanal, identidade cultural e inovação caminham lado a lado
Por Aline Saphier
Rodrigo Ambrosio transita com maestria entre arquitetura, arte e design, costurando em seu trabalho a força simbólica do território nordestino. Formado arquiteto urbanista, ele desenvolveu um olhar apurado sobre o espaço e os modos de ocupá-lo, experiência que reverbera em suas peças. O encontro com o artesanato foi inevitável — e transformador. “Estar inserido na região Nordeste do Brasil é como fazer parte de várias cápsulas do tempo”, afirma. É nesse tempo múltiplo que ele constrói uma produção autoral, onde a técnica se soma à ancestralidade e o objeto assume o papel de narrador cultural.
Desde 2015, quando estreou na Semana de Design de Milão, Rodrigo vem ampliando fronteiras e conquistando reconhecimento internacional. Hoje, suas criações integram acervos como o do Museu de Arte Moderna (MAM) e o Museu da Casa Brasileira, além de terem passado por instituições e eventos no Brasil e no exterior. Entre peças interativas, instalações e coleções desenvolvidas com comunidades artesãs, seu trabalho celebra o “feito à mão” como linguagem potente. Para o artista, “o reconhecimento é o eco de um trabalho consistente, que conta verdadeiras histórias” — e essas histórias carregam o sotaque do seu lugar de origem.
A influência de Alagoas em sua produção é profunda e afetiva. Ele cita o “conjunto da obra” como o que torna sua terra fascinante: do sururu à rapadura, da diversidade do habitat à cultura enraizada nos pequenos gestos. Suas obras refletem esse pertencimento e também uma inquietação criativa com o futuro. Embora otimista com o protagonismo crescente do Nordeste e do Sul global, Ambrosio ressalta a importância de investir em escolas de artes e ofícios e políticas públicas de valorização cultural. Em meio a um mundo cada vez mais automatizado, ele reitera seu compromisso com uma criação viva, que inspire novas gerações e mantenha pulsando a identidade de um Brasil plural.
SERVIÇO
RODRIGO AMBROSIO
@ambrosio